DESEMBARGADOR OLAVO FERNANDES MAIA |
Nasceu o Desembargador Olavo Maia na
fazenda Espalha, então pertencente ao município de Caraúbas-RN a 14 de abril de
1914. Foram seus pais Otoni Fernandes Maia e Maria Cristina Maia, ele natural
do município de Catolé do Rocha-PB; e ela caraubense de origem.
Seus estudos preliminares foram iniciados em Campo Grande, outrora Augusto
Severo, onde cultivou amizades adquiridas na infância e que se projetaram por
todo o longo de sua vida. A complementação desses estudos seria, entretanto
feita no Colégio Diocesano Pio X na capital paraibana, para onde foi mandado em
1926. Ali, naquele educandário, sob a direção dos venerandos Irmãos Maristas,
quase todos de nacionalidade francesa, recebeu e recolheu os ensinamentos
basilares para a formação do caráter e das qualidades morais que nortearam no
curso de sua existência e se constituíram nos padrões da conduta que exibiu
como homem, cidadão e magistrado. Foi também no mesmo educandário que, em 1924,
concluiu o curso seriado, por igual denominado curso de humanidades, que
habilitava ao vestibular em qualquer escola do ensino superior à escolha de
suas preferências. Optou pelo estudo do Direito; ingressando na respectiva
Faculdade do Recife em janeiro de 1935. A 16 de dezembro de 1939, em bonita e
elegante cerimônia, realizada no salão nobre da mesma e veneranda Faculdade,
recebeu a imposição da borla que lhe conferiu o grau de bacharel em Direito e
Ciências Sociais. De início, pensou em abraçar o exercício da advocacia, mas,
consultando amadurecidamente, as suas tendências mais vocacionadas, inclinou-se
para magistratura onde melhormente se posicionaria. Com efeito, assim
decidindo-se, a 7 de maio de 1940, recebeu a nomeação para investidura do cargo
de juiz municipal no então termo judiciário da outrora cidade de Augusto
Severo, burgo de sua infância e onde aprendera as primeiras letras e as regras
preliminares da tabuada.
Em dezembro de 1946, foi nomeado para
idêntico cargo mas, já agora, no termo judiciário de Mossoró. Deixaria,
entretanto, estas funções em 21 de maio de 1949 visto que, em razão de concurso
a que se submetera perante o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, e
logrando aprovação, foi nomeado para exercer o cargo de juiz de Direito da
comarca de Areia Branca, de onde foi promovido para a comarca de Mossoró em 13
de dezembro de 1960. Ali permaneceu até 10 de outubro de 1969, quando foi
elevado como desembargador à Corte de Justiça do Rio Grande do Norte.
Como desembargador, teve a honra de
exercer a presidência da mesma Egrégia Corte como assim as funções de
corregedor geral da justiça. De outra parte, ainda por eleição de seus pares,
em 21 de dezembro de 1976, foi investido nas funções de Presidente do Tribunal
Regional Eleitoral deste Estado e, concluído o biênio dessa investidura,
ocorreu ter sido reeleito para o mesmo elevado cargo em 29 de dezembro de 1978,
igualmente para um novo biênio na direção da referida Corte Eleitoral.
No curso de sua longa carreira na magistratura, o desembargador Olavo Maia, à
época juiz de direito em Mossoró, foi lembrado para o exercício do magistério
naquela cidade, exercendo-o como professor do ensino médio ministrando a
cadeira de geografia no Colégio Estadual do Centro Educacional de Formação do
Magistério Primário da mesma Mossoró, e isto se compreendendo em sucessivos
períodos situados entre 15 de março de 1965 a 31 de agosto de 1967, quando
encerrou sua contribuição prestada à instrução pública.
Era casado com D. Véscia Fernandes
Maia, companheira dedicada que, em tudo, sempre esteve ao seu lado até o final
dos seus dias. Dessa união sobreviveram-lhe quatro filhos: Olavo Maia Filho,
Maria Tereza Maia Diógenes, Maria de Fátima Maia Caldas e Francisco Adolfo
Maia, que o antecedeu no túmulo, destes, três bacharéis em Direito, todos
casados e com filhos. Deixou nove netos e um bisneto.
O desembargador Olavo Maia faleceu em
Natal na tarde de 6 de abril de 1997. Em data de 14 do mesmo mês e ano
completaria 83 anos. Está sepultado no cemitério da Paz nesta cidade do Natal.
Como homem nascido e criado na vida rural, o desembargador Olavo guardou, como
Guimarães Rosas, a paisagem humana e psicológica que ornamentava a época de sua
adolescência para mais tarde construir, nelas inspirado, a sua sensibilidade
adulta. E motivado por essas evocações recolhidas da terra revigoradora, traçou
o perfil de pessoa que, então, viveram no seu conhecimento mais próximo, ou de
outros que frequentavam a ambiência da fazenda paterna, não esquecendo como se originara
o nome desta batizada pelo seu bisavô João Carlos Cícero Pereira e Silva,
quando procurava um lugar para situar a fazenda de João Cícero Pereira, seu
filho, prestes a casar, chegou a um sítio, com acompanhantes e avistou faixa de
terra sobre a qual se espraiavam águas, sem profundidade, pelo que denominou a
futura situação escolhida com o nome de Espalha.
Meses antes do seu passamento eterno, o assunto que preferia abordar em
conversas íntimas com familiares vividos na mesma quadra temporal levava-os
pela poeira do tempo, giravam em torno de recordações carinhosas das coisas
envelhecidas com ele, todos vestidos com a patina dos anos que o fizeram feliz
e saudosos da existência sonhadora, ainda aos seus olhos, nítido, visível e
audível como as doçuras das cantigas de ninar em berço acalentador. Mundo
submerso que existiu. E passou como o sopro do vento...
Seu nome foi imortalizado
no Fórum Municipal Desembargador Olavo Fernandes Maia, Rua Pe Florêncio,
s/n, cidade de Gov Dix Sept Rosado/RN e na Av Desembargador
Olavo Fernandes Maia, Alto do Sumaré, Mossoró/RN.
FONTE DO BLOG DO DR LIMA